A lenda do patrocínio master de R$ 40 milhões

Hoje li em diversos meios de comunicação que o SPFC (juntamente com Flamengo e galinhada) pode fechar contrato de patrocínio com a Hyundai.

Antes de abordar este assunto mais adiante, quero trazer à memória como e onde foi que começou essa novela sobre o patrocínio master do SPFC; como começou e suas consequências. Vamos lá…

Foi no final de 2008 que começamos a ouvir essa historinha…

A meta era ambiciosa…

R$ 30 milhões de patrocínio master, só para começar…

E as mangas pela bagatela de R$ 10 milhões.

Os R$ 16 milhões da LG (parceira desde 2001) já não agradavam mais e o inédito tricampeonato brasileiro embasava as pretensões da diretoria tricolor; assim o clube começou a buscar outras alternativas à revelia da multinacional coreana.

Igualmente como àquela história da “fila de jogadores na porta do Morumbi para jogar no SPFC”, o presidente Juvenal estabeleceu R$ 30 milhões “apesar de valer muito mais” e já falava “estar próximo” de um acordo.

“Estamos estudando algumas opções, mas vamos esperar o São Paulo fechar. Torço para eles fecharem por R$ 30 milhões, pois assim conseguiremos ganhar mais do que eles com o nosso acordo”

Foi como o cara de areia mijada (como sempre) recebeu a notícia sobre as pretensões tricolores.

Ainda no fim de 2008 o clube esteve muito perto de, por R$ 25 milhões, fechar com a Phillips para o ano seguinte, entretanto, tinha uma crise econômica global no meio do caminho e tudo foi por água abaixo.

Pois bem; não tendo prosperado o acordo com os holandeses, a diretoria são paulina viu-se obrigada a renovar com a LG por modestos R$ 18 milhões – “comemorando” o fato de ter quebrado o direito de preferência dos coreanos na renovação. O fôlego duraria até 15 de Janeiro de 2010.

“Fizemos esse acordo também para prestigiar a LG, uma empresa que está conosco há muitos anos e que dividiu momentos importantes com o clube”

Este foi Júlio Casares à época, tentando encobrir de soberba o nascimento do mico ao demonstrar total controle da situação. “Prestigiar”? Ah, vá…

O tal limite de 15 de Janeiro de 2010 chegou e o contrato de patrocínio com a LG foi definitivamente encerrado (os coreanos chegaram a aumentar a oferta em R$ 24 milhões por mais duas temporadas, prontamente desprezada por JJ) e o SPFC pela primeira vez em 9 anos ficava com a camisa “limpa”.

E para piorar, exatamente no mesmo dia do distrato entre SPFC e LG, a galinhada anunciava o “maior patrocínio do Brasil” depois de fechar acordo com a Hypermarcas – R$ 37 milhões que poderiam chegar à R$ 41 milhões por toda a camisa, exceto as barras que eram do (agora finado) Banco Panamericano.

Isso foi uma facada bem no meio do coração do presidente Juvenal Juvêncio e de toda a cúpula tricolor. Mas este seria apenas o primeiro de muitos chapéus extra-campo que “a raposa” do Morumbi tomaria do “analfabeto” da marginal sem número com o passar do tempo.

E já que a raposa não podia alcançar as uvas, qual era o melhor remédio? Isso mesmo, desdenhar…

Quem não se lembra desta célebre frase do diretor de marketing Júlio Casares?

“Por mais que você necessite de receita, não pode fazer de seu manto sagrado um macacão de piloto de Fórmula 1 ou um outdoor”.

Foi assim que a diretoria passou a esconder sua incompetência em conseguir um patrocínio decente, e foi também escorado neste discurso que o clube deu início à era dos “patrocínios pontuais”…

Estávamos em 2011: o hexa já tinha passado… estávamos fora da libertadores pela primeira vez em 7 anos… a copa do mundo no Morumbi também já tinha ido pro vinagre fazia tempo…o mundo enfrentava uma nova crise econômica, pior que a de 2008… e a diretoria do SPFC ainda falava na lenda dos R$ 40 milhões…

“Com os valores vigentes, o número chega próximo aos R$ 40 milhões”

Foi o que disse Adalberto Baptista em Maio de 2011 quando o SPFC fechou seu quinto(!) patrocínio naquela temporada; só lembrando que “chegar próximo” não é “chegar”.

Eram BMG, Yázigi, Copagaz, Tim e Ale… tudo junto e misturado dentro do abad…digo, manto tricolor, para irritação geral da galera.

Como o mundo dá voltas não é? Mais até que um piloto de Fórmula 1…

“(…) houve manifestações de torcedores, mas não foi a posição inicial do São Paulo. Procuramos que não seja nada agressivo, dentro da estética. Consideramos aceitável para não poluir o uniforme” – justificou um constrangido Adalberto.

E o laranja do BMG cara pálida? Era bem “suave”, não é? Sucesso de vendas…

A verdade é que o mico havia virado King-Kong e não tinha mais como escondê-lo. O tal patrocínio de R$ 40 milhões era uma lenda e a cúpula são paulina era motivo de piada entre os tricolores e entre rivais.

Eis que chegamos em 2012, e as notícias do dia de hoje dão conta de um hipotético acordo em conjunto entre a montadora Hyundai mais SPFC, Flamengo e SCCP…

Segundo a Folha de SP e ESPN Brasil, os acordos – intermediados pela agência nine (empresa de Ronaldo) – girariam em torno de R$ 15 e 18 milhões para SPFC e Flamengo até o fim do ano, respectivamente, mais R$ 25 milhões para o SCCP pelo mesmo período.

Uma vergonha, na minha modesta opinião…

Caso o negócio acabe se concretizando nestes moldes, esta será a paga dada à diretoria do SPFC pelo festival de bravatas e pela incompetência de não ter levado a sério um assunto tão crucial para a sobrevivência econômica do clube.

Ridículos R$ 15 milhões? (ainda por cima trazidos à título de esmola por um escudeiro de rival histórico?) É vexaminoso! É um acordo ainda pior do que era nos tempos da LG!

A camisa “limpa” do SPFC – por mais linda que seja quando está assim – é a prova de que a diretoria do clube simplesmente perdeu o bonde da história e agora se submete à humilhações como esta para manter as contas em dia.

Isso conseguiu ser pior até do que depender da figura do empresário e apresentador de TV Roberto Justus para cooptar investidores, por mais bem sucedido que ele seja no mundo dos negócios.

“Também, se não fosse o timão…”

Prepare-se caro leitor, pois é isto o que você mais ouvirá na roda de amigos quando o assunto for patrocínio do seu clube…

A conclusão é de que ao trocar o certo pelo duvidoso e dar um passo maior que a perna, o presidente Juvenal Juvêncio caiu na sua própria armadilha; agora colhe os frutos (podres) de um plano malsucedido, sem contar que este pífio acordo com a Hyundai viria sepultar de vez a lenda dos R$ 40 milhões.

E uma vez encerrada a lenda do patrocínio master de R$ 40 milhões, eu pergunto ao amigo leitor, qual seria a próxima lenda oriunda do Morumbi?

Alguém arrisca um palpite?

Abraços fraternos e saudações tricolores.



por Willians Cristiano