Desabafo de um paulista inconformado

Como vocês sabem, eu passei os últimos dias lá no Rio de Janeiro. Andei pelas praias e ruas, com a camisa do Timão, e observei atentamente o ambiente, as pessoas e etc. Não vi o Tirone, mas se o tivesse visto, tiraria uma foto com ele e postaria na net. Já imaginaram a cara dos palmeirenses ao ver o presidente deles numa foto com um cara com a camisa do Corinthians, em plena praia carioca, um dia depois de confirmado o rebaixamento do time suíno? kkkkkkkk

Nunca havia visitado o Rio antes, então estava curioso para verificar o quanto daquilo que se fala do lugar e das pessoas é realmente mito e o quanto é verdade. Vejamos algumas constatações:

1 - A mulherada é absurda. Novinhas, mais velhas, coroas, não importa. Boa parte delas, senão a maioria, tem aquele corpo todo bem desenhado, de quem tanto foi privilegiada pela natureza quanto claramente malha muitas vezes por semana.

O negócio é sério demais. E o pior é que isso não fica só no aspecto físico. As lazarentas são boazudas e sabem que são, ou melhor, têm certeza de que são. Assim, a postura e a confiança são de quem se acha a Miss Mundo, literalmente.

Eu sou de SP e já visitei Floripa, Curitiba, Goiás e outras cidades do Brasil com fama de terem mulheres da hora. É inegável que a carioca se destaque entre todas. Elas têm um ar malicioso que se manifesta em tudo; olhar, trejeitos, andar, na fala e por ai vai. Sem pilantragem, eu acho assustador olhar para uma menina de, no máximo, 15 ou 16 anos, e observar isso de modo tão latente. Você fica imaginando como essa garota vai estar dali a uns 5 anos. E olha que eu trabalho com adolescentes aqui em Sampa.


2 - Com todo respeito, carioca é vagal mesmo. Não gostam de trabalhar, e o fazem durante a quantidade de horas que lhes convêm. Conversei com gente de outros estados que está lá há um tempo, para fazer alguns serviços, e os relatos só comprovam isso. Um cara me disse que chega às 8h da manhã ao local de trabalho e vê um deserto lá. Quando ele conversa com os caras, eles dizem que está muito calor e não rola trabalhar numa sala fechada por muito tempo.

Quer dizer, o que fica claro para mim, é o seguinte: enquanto nós, em SP, somos obrigados a entrar no ritmo alucinado e desgastante que o trabalho nos impõe, os FDPs estabelecem o próprio ritmo deles. Para ser ter uma idéia, quando eu fui pegar um táxi para o aeroporto, o motorista falou que só foi trabalhar porque estava chovendo e não iria dar praia. Caso contrário, naquela hora, ele estaria na areia, sem camisa, tomando água de coco e só na curtição.

3 - Paralelamente ao que eu falei acima, vem o que eu penso há muito tempo sobre eles, principalmente baseado no que a Rede Globo mostra. Vivem num universo completamente fora da realidade que se tem como "normal", embora o conceito disso possa variar dependendo de cada um. Nego vai para escola, para o trabalho, ou mesmo fica cuidando da casa, e lá para tarde desencana de tudo e se manda para praia, em pleno meio de semana.

A Rede Globo pega toda a caracterização, fantasia e peculiaridade da vida do carioca e do local e cria essas novelinhas que fazem tanto sucesso, praticamente espalhando no país inteiro um cultura "carioquizante" em que os valores, gostos e opiniões deles prevalecem e influenciam pessoas que não têm nenhuma identificação com os mesmos.

Daí eu digo o porquê do desabafo e do "inconformismo". Em primeiro lugar, não é de hoje, eu fico incomodado com essa "carioquização" que a Rede Globo tenta impor Brasil afora. Nada contra os cariocas, muito pelo contrário. Se se tratasse de uma emissora paulista buscando "paulistizar" o país, minha opinião seria a mesma, mesmo sendo de SP. Mas esse negócio de sobrepor uma cultura às demais me cheira muito mal. Às vezes a impressão é até de uma espécie de lavagem cerebral, em que o indivíduo é bestificado e começa a agir e pensar de forma completamente incondizente com aquilo que ele realmente é.

Imaginem o que é para uma menina adolescente fora do Rio assistir àquela idiotice de "Malhação", ficando exposta a padrões de vida e de beleza que fogem da sua realidade, e ao mesmo tempo tomando-os como parâmetro para o seu dia-a-dia, forçosamente. Por exemplo, o que para um carioca é uma mulher gorda, para mim ou qualquer outro pode ser somente uma mulher "carnuda". Por que você vai abandonar a sua opinião, e aceitar a de terceiros, goela abaixo? A partir daí, o que se tem é uma situação meio injusta, em que se almeja alcançar um troço que, num primeiro momento, nem passaria pela cabeça, dada a distância entre ele e o que se vive de fato.

Em segundo lugar, admito que a inveja pega forte aqui. Hoje voltando para Sampa, fiquei com um sentimento de tristeza, por estar retornando à vida repetitiva, chata e cansativa de trabalho e salário baixo. Eu queria ter a vida que os FDPs têm. Decidir quando e o quanto trabalhar e no final da tarde ir para a praia curtir o mar e a mulherada boa. Por que eles podem e a gente não? Por que a gente entra nessa loucura de vida sem pensar, sem refletir sobre a possibilidade de se esquivar disso e ainda assim conseguir um jeito de se sustentar? Será que não dá?

Confesso que fico até meio deprimido com essa história toda. Mas ai eu me lembro da porcada e me sinto melhor, porque penso que pelo menos o meu time está na série A e vai disputar Mundial de Clubes no mês que vem. Chupa Porcada!! kkkkkkkkkkkk

PS: Já que falaram que o Pastor está com dificuldades para acessar os comments, pensei em voltar para a versão anterior do Disqus. O que vcs acham?

por Don, el Coringone